Eternas crianças.


Lembrei-me de ti e morri de saudades do que fomos.

Olha para mim a representar. São as personagens que me surgem. As mesmas que brincam com o teu mundo colorido e inspirador. Passaram muitos anos depois dos palcos que inventámos. Mas não ficas com a ideia de que o nosso amor se mantém? Mesmo com a frieza que os anos de separação nos trouxeram? Continuo a amar-te muito com toda a minha transparência, S.B.!
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De partida...

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... o teu pescoço vermelho, cor das minhas mãos de partida /// a face rosada e um pouco mais até ela ceder /// é um aperto de loucura que só deixará a tua morte partir devagar…

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Pois é, amor.

Retira a importância do peso pesado das minhas palavras. Ouve-as como expressões genuínas de amor. Sem interferências ou contrapartidas. Confirma nos meus olhos. Estão tão despidos quanto os teus seios generosos. Tanto quanto os resquícios no desfoco do teu curvilíneo cerviz-aprendiz. Vê como é possível chorar por querer viver de vez.
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A vossa distinta morte orgástica

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Impregnado até aos ossos de ódios que me haveis pegado em subtis lambidelas, partilharei convosco todas as maleitas restantes do meu corpo-feito-pelo-peso-pesado-ser-mero-quadrúpede. Tudo, meus queridos, com o intuito de vos ver sucumbir em distinta morte orgástica. Venho-me sem pudor e torno a vir-me triunfante. A vir a mim, como queria: livre da vossa perfídia.

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Rebanho

Conheci o rebanho de ereges a quem dEUS recusou desvelo. No rol de amigos feitos outrora constava o suicídio do padrasto na casa de banho, uma caçadeira apontada ao palato do filho atrofiado, o medo da mãe ver derramar o seu sangue escarlate, a namorada violada pelo primo trintão, os efeitos da droga na maioria deles até ao cair pesado do corpo. Na sorte abençoada de pouco ter para me queixar, convivi com as mais tortuosas histórias e vislumbramentos – desvaneceram-se aquando da minha partida. Todos eles viviam voltados para as costas fustigadas de dEUS. E acredito piamente que Ele ainda não olhou para a sua sombra…
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Somos todos curiosos

Elevo a palavra Curioso quando me refiro aos anónimos que procuram a criação artística. Esses anónimos que carregam toda a vida a mesma cruz: os mil e um projectos que morrem sufocados pelo maldito cordão umbilical. E os anos continuam a passar... Ser Curioso de qualquer coisa é, meus amigos, uma forma menos dolorosa de dizer tão simplesmente: "Se calhar, não consigo chegar onde queria!"
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Amor...

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Olha para mim, amor. Estou no centro da cidade. A luz luzente dos carros em chamas. Será hoje o dia em que te devolverei o desuso de mim. Da sobrecarga de preocupações e da ausência de despotismo em nós, solto as correntes para nos socorrer. No desejo de ontem. Nessa sede de sermos nós amanhã.
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Nunca um perdedor...

Que teria sido dos meus amigos e família se aquele comboio me colhesse há uns anos? Que importância teria se a minha maior queda me tivesse limitado fisicamente? Que significado teria o meu corpo mais esmurrado do que foi pela defesa de um cão em mãos de marginais? Sou um homem comum, mas nunca um perdedor desta história: a minha! A nossa, essa, é outra história: a História do Homem comum.
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Uma nova identidade.

O que leva um funcionário de uma empresa a pintar o seu cartão identificativo com uma caneta de acetato? O que o faz colocar uns óculos Ray Ban na sua fotografia, uma fita absolutamente ridícula na testa e, na cara imberbe, uma farta barba? E sem medo de ser ridicularizado, apagar o seu nome e, no lugar deste, dar lugar a uma nova personagem? Terá este homem algum problema? Esclareçam-no… por amor de dEUS!!!
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Sou um algarismo pequeno para ti...

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Quando a puta da dor de cabeça supera a vontade de acabar o dia. Quando o trabalho traduz o guito e o guito não nos sugere nada para atenuar o puto do tédio. Religiosamente, o mesmo olhar para as horas sem dar tempo de iludir a memória. Lá fora, a vida vai sendo adiada – aliás, incessantemente! Até ao rodar do torniquete, sou mais um número situado na ordem dos milhares; extramuros, sou um algarismo pequeno para ti; encurtado com o interagir das nossas vontades. Por vezes, somos só o 2… Mas atrás do torniquete, o cômputo é elevado e sou absolutamente irrelevante para quem de perfil megalómano.
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Estalo esbranquiçado

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Olha-me nos olhos. Vermelho sangue, cor de erva. Estalo esbranquiçado. Beijas-me os lábios. Rasgados, expansivos. São carências camufladas. Vício brando, delicioso. Sente-me nas palavras. Versáteis, cruas, atordoadas. São minhas e tuas. Emendo distorcido de uma vida. Meneios habituais compõem a minha refeição. Sou o que fumo. Semente pura, ressequida!
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Quando os nossos cães tombarem

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Os latidos dos nossos cães serão ensurdecedores. Do alto da elegância da lealdade, as suas pernas fraquejarão e a queda será inevitável. Assistiremos a uma nova era. Caças não tripulados controlarão qualquer suspeita terrorista: as nossas emoções! Nos cérebros dos nossos filhos serão introduzidos chips capazes de lhes vidrarem os olhos - obedecerão que nem cães… Os latidos serão então nossos. Os livros serão entregues ao pó das prateleiras. Embalaremos quem? Nós próprios? Comeremos a ração dos cães falecidos e testemunharemos a deslealdade dos rebentos a vir. Os nossos ossos serão ruídos por eles. A despedida começou e os companheiros de língua perversa não pediram sequer resguardo. Quando os nossos cães tombarem, cairemos com eles…
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Olharei o tecto

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Sente como os ossos te apertam. Como essa armação te fere intraderme. Sente agora a dor: vem de todo o lado! Olha as horas. Caminharás agora rumo ao colchão. Antes, relaxarás. Com o fumo, com o álcool, com olhar fixo no tecto. Um piso acima, onde se encontram as arrecadações, o vizinho mais novo fornicará, longe dos olhos dos pais, a jovem adolescente sardenta. Haverá sussurros e gemidos. Os que vierem, porém estarei distraído com o olhar fixo no tecto. A inventar capacidades de transparecer paredes. A lembrar-me do passado…
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Fez-se luz no metro



Uma atrás das outras as viagens subterrâneas. Inevitáveis: Veneno para a minha azia rotineira! Ao meu lado no metro é raro encontrar alguém que me inspire confiança. Apesar das personagens assustadoras que teimam em colar-se a mim, sentou-se um dia destes a meu lado uma criatura curiosa. Perfeita dentro dos seus trapos, também eles bonitos - note-se (!) -, e imaginei dizer-lhe: "És um raio de luz na catacomba metropolitana! Todavia, a sua estação surgiu primeiro do que a minha coragem...
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Não me apetece...

Não me apetece comer, falar, beijar, amar, sair. Só quero dormir todo o dia - dia e noite. Dormir o suficiente até acordar de vez! De vez para voltar viver...
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Uma nova manhã

A ideia não lhe sai da ideia: demissão, outra vida, uma nova manhã. A vontade é forte, tão forte. Acordar numa cama lavada; a janela a uma curta distância de uma paisagem pastoril. O contacto com as pessoas da pequena localidade onde agora viverás. Ou, quem sabe, partir além-mar à procura de uma vida feita de percursos. Qualquer uma melhor do que o coração apertado pelo esforço de se levar a vida fazendo o que não se gosta, contrariando o organismo numa sucessão de fretes: dia após dia. Quero uma nova manhã...
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O primeiro dia do resto da tua vida

- Pai?! Onde estás? Ah, estás aí... Ouve, colocas-me a gravata?
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